sexta-feira, 10 de julho de 2015

Horário Flexível x Aumento Salarial

Existe maior desperdício de energia mental do que elaborar uma redação? Seja para uma entrevista ou para um vestibular, o destino final do esforço empreendido por você ao raciocinar sobre um tema e expor sua opinião, é sempre o mesmo: o limbo.

Cansado desse desperdício, publico abaixo a redação utilizada no vestibular que prestei recentemente ( o tema sugerido era baseado em dados de uma pesquisa que relatava a preferência de 43% dos entrevistados em negar um aumento salarial de 10% em troca de mais flexibilidade no trabalho, essa porcentagem muda para 36% se o aumento fosse de 20%):


O que é mais importante: um salário maior ou um horário de trabalho flexível?

Podemos desmembrar as duas alternativas do título de nosso texto em mais duas perguntas:

O que significa ter um salário maior?

Bem, 10 ou mesmo 20% de aumento podem significar muito para quem está 'nas cordas', possibilitando talvez 'sair do vermelho'. Mas a verdade é, o que realmente significa um aumento nessas proporções? Você ficará rico? Poderá parar de trabalhar em breve? Resolverá todos os seus problemas mais facilmente? Receio que não.

Por mais que ideologias neoliberais propagandeadas pela grande mídia, Hollywood, igrejas neo-pentecostais e blogs direitistas espalhem, no fundo, o brasileiro sabe que não irá ficar rico desta maneira, ou se não sabe, acredita que não será por meio de aumentos paulatinos fornecidos pelas empresas.

Então qual o efeito real de uma proposta de aumento salarial no imaginário dos profissionais? Além da já citada, 'saída do vermelho', talvez comprar algumas coisas a mais, ou comer melhor, sair mais, mas para aproveitar melhor a vida, tempo é até mais relevante do que dinheiro.

E o que significa um horário de trabalho mais flexível?

Talvez mais tempo. E embora o famoso jargão 'tempo é dinheiro' deixe de maneira explícita como funciona uma sociedade capitalista, talvez tempo represente uma perda ou ganho de dinheiro, mas representa uma coisa muito mais importante: vida.

A vida passa, e passa rápido. Tendo em conta a incapacidade do homem, particularmente o homem moderno, decidir realmente (pelo menos para a grande maioria) como viver sua vida, cabe a ele escolher o melhor paliativo para este mal.

E no caso, o melhor paliativo é poder gerir minimamente o seu tempo através do horário de trabalho mais flexível.

Um comentário:

  1. É engraçado o tipo de interpretação que se pode ter sobre os números percentuais dados. Aqui, obviamente, tomei 43% como um número razoável de aceitação, e 36% como uma aceitação menor. Entretanto, acostumado com o tipo de pesquisa que ouvimos na mídia, presumi que o restante das porcentagens seriam divididos entre categorias como: não quis opinar, não soube dizer ou outra opinião. Uma alternativa seria uma visão binária, onde se 43% concordam, 57% discordam ou se 36% concordam, 64% discordam, e então o texto seria bem diferente. Os professores que criaram o tema, quiseram incluir esse viés altamente subjetivo na avaliação? Só eles sabem...

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