quarta-feira, 28 de outubro de 2020

Ideologias e seus Impactos no Brasil de 2015 a 2018

 

 Este texto é uma adaptação de meus "comentários" nas redes sociais entre os anos de 2015 e 2018

Etimologia na Economia e na Política 

Vamos considerar que o povo está interessado em entender e esclarecer sobre política e ninguém está simplesmente querendo provar que está certo sem dar o braço a torcer... Não é preciso especialização, só linguagem clara, ou seja o uso da etimologia das palavras, para explicar de modo resumido: 

Liberal-Ismo: Doutrina (centrada) na liberdade, principalmente a liberdade de comércio. 

Esta doutrina ganhou força ao se contrapor às monarquias no final do século XVIII (18), prometendo maior liberdade ao “povo”, mas favorecendo os comerciantes mais enriquecidos, é claro. O liberalismo não definiu onde acaba a liberdade dos comerciantes e empresários bem sucedidos, mas supondo que não foi um movimento extremista, o liberalismo deveria prezar pela concorrência de mercado clara e justa, sem oligopólios, respeitando leis comerciais, ambientais etc. Porém não foi o que aconteceu: a colonização escravagista seguida pela industrialização apoiada em mão de obra barata gerou uma desigualdade social onde os poucos mais ricos juntaram quantidades de riquezas suficientes para sustentar milhares de famílias por várias décadas, talvez por um ou dois séculos. Já os mais pobres neste sistema, além de não terem renda para viver com dignidade, cresceram muito em número. Resumidamente, seus maiores apoiadores foram a Inglaterra, os EUA e países "aliados", desde o fim do século XVIII até o fim da guerra fria no século XX (20). 

Social-Ismo: Doutrina (centrada) na sociedade, resumidamente em um estado ou nação. 

Este movimento político/ filosofia foi ganhando força no final do século XIX (19), mas só se consolidou no século XX. Seus apoiadores eram críticos do liberalismo que havia fomentado tanta desigualdade e miséria, beneficiando apenas pequenas parcelas do setor privado. 

O que aconteceu em muitos países que adotaram este sistema (como a URSS), foi que os representantes da nação se comprometeram de "achatar a economia", ao menos em partes através de estatizações, fornecendo uma "infla" estrutura que falhou por uma série de motivos. Houveram casos de incompetência de gestão pública, mas o fator principal foi a concentração de poder nos "representantes do povo" que obviamente corrompeu o estado. Este sistema concorreu com o liberalismo desde 1946 até 1991, quando foi derrotado pela doutrina (neo) liberal com o fim da guerra fria e a dissolução da URSS. 

Comun-Ismo: Doutrina (centrada) no bem comum, ou seja, maior equidade / igualdade de poder além (acima) do conceito de estado/nação. Uma utopia, a qual os países mais próximos disto são alguns dos sociais democratas onde a diferença de renda é mínima. O comunismo nunca foi implementado em país algum. 

Neo Liberalismo: Liberalismo "novo", incentivado entre os anos de 1986 e 1991, pelas instituições financeiras e corporações que não quiseram perder suas fortunas : O neoliberalismo passou a propor que os governos investissem cada vez menos nas estruturas básicas (infraestrutura) de suas nações. Alegando que todo governo é corrupto, que todo setor público é ineficaz, e maliciosamente chamando investimento em infraestrutura de "gastos públicos", o neoliberalismo propôs financiar diversos setores e ações, objetivando lucro ao setor privado composto por corporações/ grandes empresas multinacionais. 

Em prática, neoliberalismo é o "Capital-Ismo" sem regulação, ou seja, selvagem. Mesmo porque, etimologicamente o capitalismo é a doutrina do capital, onde quem tem mais dinheiro ou mais recursos, tem mais poder: "Sugere" leis (lobby), "financia" (compra) políticos e prega para que todos busquem seu próprio acúmulo de capital (meritocracia). 

Porém dinheiro não é produzido infinitamente para alegria de todos, pois há o lastro. E aqueles que realmente se beneficiam deste sistema não querem acabar com o lastro, é óbvio... 

Invenções Repetidas 

No século XII a.C (12 antes de Cristo), após as guerras que causaram a destruição dos registros das relações reais e religiosas e do sistema comercial em torno do Mar Mediterrâneo e do Levante, alguns poetas gregos simplificaram e distorceram a história das civilizações (micênica, hitita, cananéia etc), digamos que, de certo modo, criando a mitologia: Os "deuses" impulsivos traiam, matavam, enganavam, mas gostavam dos mortais. Mortais que passaram a venerar esses "heróis". Já os titãs, os gigantes e feras monstruosas eram responsáveis por tudo de ruim que acontecia no mundo. 

A história se repete e os mais ambiciosos e corruptores continuam evitando mostrar suas faces. Só inventam heróis e vilões. Embora exista a tendência das pessoas praticarem o "culto às personalidades" (idolatrar famosos), na política do Brasil é muito mais comum inventar super-vilões: De tempos em tempos pegar um ou outro indivíduo (geralmente político) e culpá-lo por tudo o que acontece de ruim no país. Isto faz parte do discurso anti-política, que acaba sendo anti democrático também. Tal discurso só favorece quem tem mais poder, geralmente poder econômico (dinheiro, bofunfa, grana...) 

O brasileiro médio (que ganha um salário mínimo) têm que trabalhar, cuidar da família, pagar impostos e cumprir com suas obrigações cívicas, então tempo para fazer política, se instruir e para participar de debates, não têm. 

Os típicos brasileiros acordam cedo, se espremem suados em péssimas conduções públicas, se alimentam mal e chegam a altas horas da noite da labuta diária, para, depois, serem chamados de vagabundos por escravagistas endinheirados, meganhas, bandidos ou governantes que não lhes permitem aposentar. 

O que entrou no governo pós 2015? 

Durante o governo federal mais"esquerdista" (petista) a tomar posse no Brasil, o país ficou com rabo preso ao oligopólio financeiro, (BB, CEF, Bradesco, Itaú/Unibanco, Santander e mais um banco gringo que não me lembro agora) através de uma dívida pública exorbitante. 

Um governo socialista, popularmente chamado de esquerdista e erroneamente chamado de comunista, jamais se sujeitaria a tal situação, então os governos petistas foram no máximo de centro-esquerda, devido a algumas iniciativas sociais (bolsa-família, PROUNI etc). 

Meses antes do show "evangélico" (o impedimento, ou "impeachment", de Dilma Rousseff do PT, o Partido dos Trabalhadores), regado por frases do tipo: "Por Deus, pela família" e blablablá), a líder petista, já discursava a favor do mercado. 

Mas era muito tarde para Dilma se curvar diante "o mercado" e a presidência do Brasil foi assumida por um senhor claramente oportunista do "Partido do Movimento Democrático Brasileiro": Michel Temer guinou o país a direita, chegando a falar abertamente em algumas entrevistas que o PT foi removido do poder através de um golpe porque não aceitou a agenda privatizadora e anti infraestrutura solicitada por certos setores privados, como a Chevron, entre outras grandes empresas. 

O PMDB, um partido que praticamente age como bancada de negócios, fez o previsto: Deixou de arrecadar impostos dos grandes empresários multimilionários, sucateando a infraestrutura do Brasil. Afinal o que esperar desse povo pró oligopólio, pró obscurantismo? 

Retrospectiva "Temerosa"

Uma famosa emissora de televisão pertencente a uma tal família Marinho, fez a seguinte Retrospectiva da virada de 2017 para 2018: 

"12 milhões de desempregados, o governo atual (Temer - PMDB) aumentou os gastos e arrecadou menos impostos deixando os cofres públicos vazios" 

E a pérola contraditória em seguida: "... a gastança dos anos anteriores (Dilma - PT?) foi que deixou o país em crise". Assim seguiu a desinformação em massa: Deu a entender que apesar dos erros grosseiros e da corrupção do presidente Temer, o super vilão inventado pela Globo foi a Dilma e/ou o Lula, que presidiram o Brasil antes do PMDBista. 

MBL: Movimento "Brasil Livre" - Livre de que? 

 Integrantes do MBL saíram em fotografias apoiando políticos como Eduardo Cunha e Bolsonaro (que parece uma terrível mescla de Bozo com Nero). Suspeito de uma série de crimes, Cunha foi preso em 2016, então o MBL "descobriu" que o cara era corrupto até o osso... 

O MBL apoiou a posse do Temer e quando descobriram em 2018 que o ex-vice estava atolado em esquemas fraudulentos, passaram a fingir que eram neutros. 

O MBL fez eventos com Gilmar Mendes, que defendeu o suspeito Aécio Neves (PSDB) até cansar e posicionou-se contra a bombástica delação da Odebretch... 

Como acreditar que o MBL é um movimento pelo BEM do Brasil? Para mim é impossível.

O Movimento Brasil Livre (MBL), deveria mudar seu nome de acordo com seus ideais: É um movimento de indivíduos de classe média alta que abominam as causas sociais, desprezam a infraestrutura do Brasil e seguem interessados em ganhar poder e influência na política. Para isso espalham mentiras sobre seus desafetos políticos, tentando esconder o fato que eles também se envolvem em esquemas de fraude e corrupção. Poderia se chamar Movimento Boataria Livre ou um nome mais feio, representando seu envolvimento em "sujeira" (fraudes, falsidade ideológica, propaganda enganosa, crimes etc). 

Lado na Política 

 Acabei de mostrar que o discurso antipolítica tem um lado - sempre serve a alguém. E este alguém não é a maioria: se refere a uma minoria detentora de um poder não político, ou seja, o poder econômico, o poder religioso e o poder militar. Isto não ocorre só no Brasil, pois também acontece em outros países, como nos EUA, onde o candidato republicano (de direita) Donald Trump venceu as eleições com discursos racistas que jogavam a culpa dos problemas dos EUA em latino americanos e em muçulmanos. 

Portanto quem grita "foda-se a política" elege Trump e quem acredita em conspiração "latina-comunista" também elege Trump sim, caros leitores! Quando as pessoas destroem o centro e a esquerda sobra somente a direita hiper capitalista, ignorante, xenófoba e antipolítica. 

Instituição Anti Infraestrutura 

Durante o governo Temer, propagandas mentirosas de teor anti-político circularam livremente pela internet: "Se você é contra o limite de verba para infraestrutura, você é contra o Brasil." 

Isto é a tradução da estranha petição da Empiricus que espalhou-se da Folha de São Paulo ao Facebook. Como já mencionei, os grandes empresários multimilionários e seus apoiadores e porta-vozes, chamam verbas para infraestrutura de "gastos públicos". Foi assim que o neoliberalismo pregou a austeridade, destruindo transportes públicos. sucateando instituições de saúde e ensino gratuitos e até mesmo desfazendo setores de segurança pública em variados países pelo mundo, desde o início dos anos 90. 

Valentia um tanto Covarde 

Embora o termo valente seja usado para definir uma pessoa corajosa, o mesmo não se aplica ao termo "valentão". Este termo está mais próximo da palavra inglesa "bully". O valentão não é uma pessoa corajosa: É o que gosta de agredir os outros. 

Este tipo de pessoa é comum de se encontrar, e existem inúmeros relatos sobre eles principalmente em escolas. Na verdade o valentão está mais para covardão: é o típico cara fortão que sai procurando brigar com o mais fraco, ou pode ser aquele cara que se junta com outros para agredir alguém que está sozinho. 

Posso dizer que tenho a experiência empírica em ser alvo deste tipo de gente, como por exemplo, lembro-me que quando eu estudava na 5ª ou na 6ª série do ensino fundamental, dois caras se juntaram e foram me socando por um quarteirão todo. Aquilo ficou na minha mente por alguns anos e obviamente é uma situação em que nos sentimos indefesos, impotentes e forçosamente humilhados. 

Além do ambiente escolar, onde este tipo de valentão pode prosperar na sociedade? Viver com oportunidades para provocar, humilhar e agredir os outros exigem um ambiente onde a paz não seja bem vinda, ou exige um ambiente onde o confronto seja comum - Ou o cara entra no "mundo" do crime, ou na polícia, ou no exército. 

Não há espaço para um valentão nas áreas práticas (profissionais) de humanas, sequer nas biológicas ou nas exatas. O valentão não vai se satisfazer construindo, nem estudando, afinal ele precisa mostrar que é melhor que alguém, agredir alguém, ou ambas as coisas. 

Daí o porquê é tão comum vermos casos de violência policial e notícias sobre criminosos violentos. Daí o porquê um cara que odeia estudar, odeia negros, odeia mulheres, odeia o público LGBT e que fala em metralhar os outros, ganha as eleições. Em 2018, muita gente achou que estava votando em um capitão que ia "por o Brasil nos eixos" na base da valentia. Como um grosseiro e bizarro herói - anti-herói. 

Essa "valentia" vem da formação da pessoa. Independente se você acredita em personalidade ou não, o fato é que a criação e a vivência das pessoas essencialmente determinam padrões de comportamentos. O comportamento valentão foi cultivado por décadas, ou talvez, durante séculos, seja no Brasil, ou em outros países. O fato é que no Brasil, este é o comportamento adorado e propagado em certos ambientes e "tribos sociais", como fazendeiros, homens do interior, em cursos superiores elitizados como medicina, engenharia e direito, em quartéis, na polícia, no tráfico etc. 

Pouco ou nada foi feito para combater este "ensino" torpe que se propagou por diversos setores da sociedade... Até que em 2018 colhemos o fruto podre no Brasil. 

Conclusão 

É possível combater o elitismo e o culto à violência... com mais violência? 

Não faz sentido. A direita que sempre serviu o elitismo está no poder brasileiro desde 2015 (fora governos anteriores ao Lula etc). Não houve melhoria alguma desde então. Eles se apoiam em falácias e têm o apoio da mídia e do poder militar. As críticas feitas ao governo Bolsonaro, por mídias como a rede Globo, são meras cortinas de fumaça. Enquanto SBT e Record apoiam abertamente a demolição da infraestrutura e os discursos brucutus de valentia do governo "Bozo-nero", a Globo apenas tenta abraçar as causas identidárias, fingindo uma aliança anti governo. 

É preciso paciência para instruir quem ainda quer entender e melhorar o país... e é preciso militância sim, seja pró infraestrutura, ou a favor dos mais vulneráveis. Mas é preciso união entre estes setores. Pode parecer coisa de uma "esquerda florida", mas não é tempo de generalizações: Não deve-se odiar todos religiosos porque alguns apoiam o governo bozo-nero. Não é útil criticar o movimento anti-racista só porque alguns negros enriqueceram e vivem "entre as elites". É preciso identificar aliados potenciais interessados em humanizar o país e dar condições dignas à sociedade, buscando união, afinal sectarismo e segmentação só servem aos gananciosos e a quem já está em posição de oprimir.