terça-feira, 7 de janeiro de 2025

Teoria da Coalescência - Parte I

Estou escrevendo este esboço do que chamo Teoria da Coalescência, que foi uma ideia que tive durante minha primeira graduação, no curso de Geografia da USP. Por quê escrever neste formato, dividido por partes? Porque não posso mais deixar as ideias fugirem, e preciso colocá-las aqui no 'papel digital' para futura conferência e desenvolvimento.

Neste blog, claro, iremos encontrar ideias divergentes dos autores participantes, então não esperem uma convergência imediata com tudo o que foi apresentado até aqui, das diversas fontes.

A Teoria da Coalescência surgiu nas minhas ideias enquanto definia o tema do meu Trabalho de Graduação Individual - TGI, obrigatório para a obtenção do diploma de bacharel em Geografia (e no caso da USP, onde o bacharelado é obrigatório e a licenciatura opcional, necessário para encerrar o curso. Na Unesp de Presidente Prudente, onde cursei o 1° ano, a licenciatura era obrigatória e o bacharelado não, então esse trabalho não era obrigatório). E ela surgiu em decorrência do meu embate com as amarras da metodologia científica, como ela surgia na época no curso de Geografia da USP.

O principal motivador da criação dela era afrouxar essas amarras, iniciando também um ataque às normas da ABNT e a estrutura esperada dos trabalhos para que pudéssemos caminhar para um novo acordo sobre isso.

O princípio é que eu não preciso excluir bibliografias ao escolher determinado caminho para o meu pensamento. Qualquer coisa é válida para a formação desse pensamento e da análise do objeto de estudo, o que importa em última instância é uma análise correta do objeto de estudo, o que foi usado no processo precisa apenas estar mapeado.

Devo elaborar um pouco mais agora, que o princípio foi dado. A abordagem da teoria tem uma base materialista, no sentido que o estudo científico parte da análise do material para a subjetividade do observador. Aí sim, a subjetividade do observador é considerada, já que ela é determinística, e exclui o princípio da neutralidade. Mas eu não vejo a discussão filosófica sobre a ordem da leitura da realidade (materialista, partindo da observação para a formação de categorias pelo observador, ou idealista, partindo de categorias pré-concebidas para a análise do material) como de suma importância.

Aliás, o determinismo, no sentido filosófico, de maneira geral, pode ser uma maneira de compreender o todo que não exclui o próprio idealismo. Afinal, aquele pensador que é idealista, só é idealista por causa do determinismo. O determinismo não pode excluir nem mesmo religião e a existência de fenômenos inexplicáveis, pois na verdade, o inexplicável é apenas uma falta de conhecimento das variáveis para aquela explicação. Ou seja, nada é inexplicável, há apenas a falta de conhecimento necessária à explicação.

Logo, é possível que em determinado momento da nossa civilização, até Deus seja mensurável e observável com o acúmulo de conhecimento. Se já não o for em algum lugar, para alguma civilização, em um universo, ou em universos de um multiverso. A única consequência imediata disso, é a negação do livre-arbítrio e a confirmação de sua existência apenas como percepção ilusória humana.

Mas como o estudo científico é o estudo do observável, todo o restante precisa ficar no campo da filosofia e religião. São saberes que devem ser excluídos e ignorados? Não. Mas para o observável, precisamos manter a esfera apartada inicialmente, para depois, com o estudo objetivo realizado, essa esfera possa ser integrada com as demais para a contribuição ao pensamento como um todo.

A coalescência se dá então, no uso desta teoria, sobre o observável, mesmo que ideias venham das outras esferas. Essas ideias, vindas de outras esferas, podem participar da coalescência, ao elas mesmas passarem pela análise do observador. Por serem ideias sobre o observável, o que se dá, na prática, é uma reavaliação da realidade, com a subjetividade do observador incrementada para a criação de categorias.

Ou seja, a ideia causa um incremento na subjetividade do observador (mesmo que seja uma ideia descartada, o observador adquire o conhecimento de que aquilo não deve ser usado durante uma reavaliação da realidade, sendo ainda um incremento, ou seja coalescência na subjetividade). A coalescência objetiva, ou seja, na análise, vem apenas após a reavaliação e aceitação da ideia (ou parte dela) na formação das categorias.

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