sábado, 31 de dezembro de 2022

Entre o corpo e a mente

Este texto traz algumas teorias psicossomáticas, ou seja, sobre a mente (psique) e sua relação com o corpo (soma), em ordem cronológica desde o século 19 até este início do século 21. A questão "o que é a mente?" não envolve só sua relação com o corpo, mas também é muito próxima da questão "o que é existir?" por isto sempre está frequentemente em contato com a ontologia: As investigações sobre o que é existir e o que é a existência são objeto desta área da Filosofia que conforme algumas linhas de pensamento serve de base (ou pressuposto filosófico) para a ciência. Neste texto faço só uma breve observação ontológica, focando mais no que existe entre o corpo e os pensamentos/ sentimentos (a mente). 

 Século 19: O espiritismo e os campos eletromagnéticos 

 Entre os anos de 1859 e 1863 foram escritas o essencial das obras espíritas. Embora seu fundador, Allan Kardec, teve dificuldades em classificar em que área do saber se encontravam seus estudos, ele utilizou de várias comparações, reflexões e análises de experiências psíquicas (processos mentais das pessoas, internos em sua maioria). 
 O nome espiritismo surgiu para diferenciar sua teoria e seus estudos da espiritualidade e do espiritualismo. O espiritismo não contradiz nem um, nem outro, apenas, abrange assuntos além da espiritualidade e busca entender certos aspectos do espiritualismo. A partir de seus estudos, Kardec indica que o que entende-se por mente (chamada de psiquê em sua época, ou seja, alma) não é algo submisso ao corpo nem uma mera parte ou produção deste. A relação entre corpo e mente tem elementos intermediários sutis em sua maioria, que vão muito além de meras partes do sistema nervoso ou dos efeitos químicos que ocorrem nesta região do corpo. Utilizando linguagem de sua época, Kardec escolheu o termo espírito para definir o centro de seus estudos, embora ele mesmo admita que alma e espírito são quase sinônimos, já que o 1º termo se refere ao "espírito" encarnado/ conectado a um corpo vivo, enquanto o 2º termo se refere a ele mesmo em "sua condição natural", ou seja, o espírito desencarnado. A parte que contém os elementos intermediários entre corpo e alma, seria chamada de períspirito como mostrado a seguir: 
 "Assim, haveria em nós duas espécies de matéria: uma grosseira, que constitui o envoltório exterior; a outra sutil e indestrutível. A morte é a destruição, ou melhor, a desagregação da primeira, daquela abandonada pela alma; a outra se destaca e segue a alma que, assim, continua tendo sempre um envoltório. A esse envoltório denominamos perispírito. Essa matéria sutil, por assim dizer extraída de todas as partes do corpo a que estava ligada durante a vida, conserva a forma daquele. Eis por que todos os Espíritos são vistos e por que nos aparecem tais quais eram em vida. 
 Mas essa matéria sutil não tem a tenacidade nem a rigidez da matéria compacta do corpo: é, se assim podemos dizer, flexível e expansiva. Eis por que a forma que toma, muito embora calcada sobre a do corpo, não é absoluta: dobra-se à vontade do Espírito, que lhe dá, conforme queira, esta ou aquela aparência, enquanto que o envoltório sólido lhe oferece uma resistência intransponível. Desembaraçando-se desse entrave que o comprimia, o perispírito distende-se ou se contrai; transforma-se e, numa palavra, presta-se a todas as metamorfoses, de acordo com a vontade que sobre ele atua. 
 Prova a observação ─ e insistimos sobre o vocábulo observação, porque toda a nossa teoria é consequência dos fatos estudados ─ que a matéria sutil, que constitui o segundo envoltório do Espírito, só pouco a pouco se desprende do corpo, e não instantaneamente. Assim, os laços que unem alma e corpo não se rompem de súbito pela morte. Ora, o estado de perturbação que observamos dura todo o tempo em que se opera o desprendimento. Somente quando esse desprendimento é completo o Espírito recobra a inteira liberdade de suas faculdades e a consciência clara de si mesmo. 
 Imaginemos, pois, o Espírito revestido de seu envoltório semimaterial (o perispírito), tendo a forma ou aparência que possuiu quando vivo*. Nessa matéria eterizada pode haver uma modificação; o próprio Espírito pode fazê-la sofrer uma espécie de condensação que a torna perceptível aos olhos do corpo. É o que ocorre nas aparições vaporosas. A sutileza dessa matéria lhe permite atravessar os corpos sólidos, razão por que tais aparições não encontram obstáculos e por que tantas vezes desaparecem através das paredes. 
 A condensação pode chegar ao ponto de produzir a resistência e a tangibilidade**. Mas essa condensação ─ um termo pouco preciso admite Kardec ─ ou ainda essa solidificação da matéria etérea, é apenas temporária ou acidental, porque esse não é o seu estado normal. Eis por que, em um dado momento, as aparições tangíveis nos escapam como uma sombra. Assim, do mesmo modo que um corpo se nos apresenta em estado sólido, líquido ou gasoso, conforme o grau de condensação, assim a matéria etérea do perispírito pode aparecer-nos em estado sólido, vaporoso visível ou vaporoso invisível." 
 Esta sutileza do espírito é algo extremo, tanto que Kardec trabalha o conceito de perispírito, como uma força intermediária entre o corpo e a alma/ o espírito. O corpo obviamente é perceptível pelos sentidos humanos, já o espírito com seus elementos (mentais/ espirituais) são geralmente indetectáveis como o pensamento, o sentimento etc. O autor chega a cogitar relações entre o eletromagnetismo e o perispírito, mas em sua época as descobertas sobre tal assunto eram precárias, e ainda não se tinha certeza que o corpo humano produzia campos eletromagnéticos. Sua teoria foi predominantemente recusada pelos cientistas de sua época, e acabou relegada ao nível de uma prática espiritual, ou até mesmo religiosa. De fato, o espiritismo não é algo totalmente separado de uma prática espiritual ou religiosa, afinal, ao considerar a importância do espírito, o espiritismo não poderia ignorar a importância da solidariedade, da equidade e de outras virtudes pregadas por Jesus Cristo, pelos apóstolos e seus sucessores ao longo da história. Este entendimento e respeito ao valor do amor, é uma postura distante da ciência racionalista dominante desde o século 19, mas se trata do elemento essencial da lei cósmica e não de uma regra ou qualquer outra convenção criada por classes sacerdotais das igrejas como instituições em si. Mesmo porque, ao longo da história, muitas igrejas foram dominadas por lideranças (sacerdotes) corruptas que não se importam com amor, empatia ou equidade... 

 Pressupostos filosóficos da ciência dos séculos 19 ao 20 

 Em sua época, a teoria de Kardec sobre o que é a psique (sim, mente e alma pouco diferem aqui) foi sendo rapidamente substituída pela crescente interpretação científica de que a mente não passava do sistema nervoso central (mais especificamente, o cérebro) e possíveis efeitos químicos neste sistema do corpo. Apesar da frenologia estar declinando na 2ª metade do século 19 (uma área de estudos reducionistas de teor materialista sobre a mente, que acabou desmentida e refutada), o comportamento humano passou a ser estudado principalmente por fisiologistas, médicos psiquiatras e neurologistas, que chegaram a classificar a histeria (um conceito defasado e preconceituoso de transtorno psíquico) como um problema meramente neurológico. Contestando este tipo de pensamento é que surge a psicanálise entre os anos de 1892 e 1895, pouco antes da virada do século 19 ao século 20. 
 Na primeira metade do século 20, a ideologia materialista (e niilista) dominou a ciência e até mesmo parte da filosofia que viria a servir de base (pressuposto) à ciência. Nem o desenvolvimento da fenomenologia na 1ª década do século 20 e nem a Teoria Geral dos Sistemas desenvolvida no fim da 2ª década do mesmo século, conseguiram impedir o tradicionalismo nas ciências: As idéias alicerçadas em filósofos naturalistas do iluminismo (como Locke, Newton entre outros) foi praticamente elevada ao status de verdade absoluta, ou no mínimo, ao status de saber mais verdadeiro do que todos os demais. 
 Ainda assim, nestas primeiras décadas do século 20, a psicanálise, que é uma teoria dualista da mente (tratada meramente como mentalista por adversários que preferem teorias mais materialistas) estava em plena ascensão: Estudiosos da Europa, como Freud, Klein, Lacan, Jung entre outros, ganhavam notoriedade em diversos países pelo mundo, principalmente na América. A maior resistência à frente psicanalítica de estudos surgiu nos EUA: O behaviorismo de Watson e Skinner. Skinner foi um dos ferrenhos adversários da teoria de Freud na psicologia, enquanto na filosofia, Popper (entre outros) atacava enfaticamente a psicanálise pelo fato desta teoria divulgar uma dimensão mais mental do ser humano (e portanto mais ampla do que a matéria perceptível). Utilizavam como argumento contra a psicanálise, um suposto erro epistemológico (ou seja, de método investigativo), certamente porque queriam alegar que a psicologia deveria ser estritamente empírica, o que não passa de um devaneio opiniático, pois a psicologia lida com processos internos que vão além da observação pelos sentidos humanos. Estes processos internos (mentais) muitas vezes estão além da reprodutibilidade do método empírico de investigação. (Ao menos do empirismo clássico utilizado desde o final do século 17 até o fim do século 19). 
 As décadas a seguir (dos anos 30 aos 50) são de propagação de teorias materialistas nas ciências (incluindo na psicologia), pois na frente fenomenológica da psicologia, a logoterapia de Viktor Frankl e a Abordagem Centrada na Pessoa de Carl Rogers eram novidades (surgidas na década de 40) e ainda estavam em lento processo de crescimento. Nesta época (anos 50) ocorreram significantes descobertas sobre o DNA, sendo resumidamente daí que são consolidadas teorias como o dogma central biológico poucos anos depois; 
 Os movimentos da psicologia que reduziam a importância dos sentimentos e os movimentos das ciências em geral que priorizavam a matéria perceptível e a segmentação dos estudos, colaboraram para interpretações dogmáticas e reducionistas dentro desta vasta área do saber (científico). 
 Do ponto de vista histórico, pode-se afirmar que o surgimento das neurociências, por volta dos anos 1960, e a reorientação da psiquiatria em direção à busca pelos determinantes físicos e objetivos das doenças, nos anos 70 e 80, inauguraram um período de predominância das hipóteses biológicas sobre a formação patológica (SHORTER, 1997; EHRENBERG, 2004; MAYES; HORWITZ, 2005). Com a chamada remedicalização da psiquiatria, os transtornos mentais passaram a ser entendidos como resultado de fenômenos biológicos determinados e acessíveis por meio das estratégias reducionistas de investigação científica, em contraposição às explicações psicológicas e ambientalistas e à respectiva valorização de discursos e práticas que tomavam o indivíduo como ponto de partida, que vigoraram durante algumas décadas no campo psiquiátrico. 
 Então o dogma central biológico consolidou-se como a crença convencional biomédica: A primazia do DNA/ RNA/ proteína e do corpo como indivíduo - onde o DNA controla a vida (sem levar em consideração o sinal recebido, que pode ser ondas); Este é o determinismo genético; 

 Século 20: Epigenética e campos eletromagnéticos 

 O modelo científico tradicional e predominante é baseado essencialmente em suposições como a priorização da física newtoniana; Isto hierarquiza as áreas do saber da seguinte maneira: 1. física (clássica); 2. matemática; 3. química; 4. biologia; 5. psicologia; Este modelo hierarquizado que propõe a física newtoniana como superior em relação as outras áreas da ciência, contradiz até mesmo a Lei da Relatividade de Albert Einstein (e também a Teoria Geral dos Sistemas de Ludwig Von Bertalanffy), pois trata-se de um modelo convencional obviamente reducionista. É um modelo científico monista materialista com uma série de restrições como as já mencionadas, além de ser completamente diferente das propostas de Einstein e de Bertalanffy, pois as teorias de Newton não têm como ser compatíveis com as descobertas destes cientistas mais recentes, que chegaram a propor mudanças de base científica (pressupostos filosóficos, ontológicos) e de método (epistemológicos) de investigação para as ciências; 
 O biólogo estadunidense, Bruce H. Liptom, traz uma série de informações (e algumas opiniões) que ressaltam como o modelo tradicional da ciência é dogmático e causa entraves (ou atrasos) no desenvolvimento geral das ciências (em pesquisas, práticas etc): 
 Nos EUA, em uma média anual, ocorrem 783.936 mortes de causas iatrogênicas (tratamento médico, sendo cerca de 300.000 destas mortes causadas por utilização dos medicamentos receitados), 699.697 mortes de causa cardiovascular e 553.251 mortes por causa de câncer. Tais dados provam como o meio (ambiente, social etc) é o maior fator de influência sobre os seres vivos; Pelo meio são realizadas praticamente todas as interações e relações. 
 O que confere consistência ao átomo é o "movimento" de suas partículas - Propriedades elétricas/ vibração/ ondas. A física newtoniana (e a ciência tradicional que a prioriza) estuda só partículas através de uma idéia mecânica (massa e peso atômico), enquanto a ciência mais atual deve estudar o todo, consequentemente, os campos; Os átomos geram ondas e a física quântica estuda as ondas e sua ação pelas interferências; O conjunto de ondas é campo e se somos formados por átomos (que emitem ondas) somos campo de ondas também; Liptom relaciona este fato com a citação de Einstein de que "O campo é o único agente que governa a partícula" indicando que é o campo de energia que molda a matéria e a mente é algum tipo de energia/ um campo, portanto afeta o corpo; Sendo assim a medicina deveria entender o campo (formado pelas ondas eletromagnéticas) para entender o padrão das células do corpo. 
 Ondas podem gerar interferência (vibrações) construtiva ou destrutiva; Isto funciona não apenas em fenômenos físicos sobre o corpo, como a tomografia e a ressonância magnética, mas também funciona em nível psicossocial, por exemplo: Ser influenciado pelo comportamento dos próximos, do lugar etc; Este uso do eletromagnetismo em tentativas de curar pacientes não é exatamente uma novidade, pois ainda que de modo muito mais rudimentar, no século 18, o médico alemão Franz Anton Mesmer tentou curar doenças com ímãs, mas parou após uma série de oposições e acusações de charlatanismo. 
 Para Lipton, a linguagem humana pode encobrir a capacidade de perceber e emitir vibrações (mentais/ psíquicas para as células do próprio corpo e além do próprio corpo). Animais se baseiam em instintos e nestas percepções de campos emitidos pelos átomos, enquanto os seres humanos, além de reterem alguns instintos similares aos de animais, também têm o sentimento que serve como base para o indivíduo perceber o que é bom e o que é ruim para ele; Porém o ser humano não é treinado para sentir/ perceber vibrações relacionadas aos sentimentos de outros seres ao seu entorno e sim para usar as linguagens (seja fala, escrita, imagética etc). 
 Liptom então critica a biologia alicerçada na ciência tradicional, explicando que o núcleo da célula não é comparável a um cérebro, pois o núcleo celular tem função de reprodução e não de controle/ comando; E também critica o projeto genoma, pois os genes são insuficientes para controlar a vida, pelo fato de serem apenas 23.000 para 150.000 proteínas (das células do corpo); 
 Em 1977, Bruce Lipton realizou um estudo com células tronco (geneticamente) idênticas em 3 ambientes diferentes. E de acordo com cada ambiente estas células idênticas entre si formaram ou músculo, ou osso, ou gordura; provando como o ambiente controla (afeta significantemente) as células. Anos depois (em 2005) ele escreveu um livro onde citou suas experiências científicas mostrando como a epigenética influencia o comportamento das células sem mudar código genético; 
 De onde vem as (150.000) formas diferentes das proteínas: há um suporte como uma coluna vertebral - conectadas como vértebras (20 tipos de amino ácidos). O DNA conta as informações das relações entre os aminoácidos desta coluna/ sequência. As ligações químicas entre os aminoácidos são chamadas de peptídicas, e sua seqüência cria uma forma rígida. A seqüência de cada proteína é única e cada uma delas se movem criando as "vias" executando funções (ciclo de Krebs); Os polos da forma rígida da proteína são negativos. Quando as proteínas mudam de forma, criam comportamento (geram vida?) ao receberem um sinal. Existem diferentes sinais (estímulos) para cada proteína. O movimento é proteína somada ao estímulo; "só assim ocorre comportamento". Os sinais não são só matéria (físico/ químico) como se pensava, pois se fossem assim, se limitariam meramente aos contatos físicos e aos diferentes tipos de feromônios (de alarme, de agregação etc); Eles também advém dos campos de ondas ; Portanto um sinal, ou estimulo pode ser uma onda, que se liga a proteína; 
 Uma doença pode ser proteína ruim (problema congênito), mas isso ocorre em menos de 5% da população mundial; Então doença é o sinal (estímulo) ruim - isso é 95% dos casos; Pode vir de trauma (impacto etc), toxina (interferência "interna" na proteína), ou da mente (pensamentos/ sentimentos). 
 Liptom resume dizendo que o cérebro é que controla os sinais (ondas, certamente eletromagnéticas) que nossas proteínas recebem. Ele só parece não saber que o coração é que emite maior campo eletromagnético do corpo humano! 
 

 Segue a explicação do funcionamento celular em relação ao cérebro: Existem 3 camadas do zigoto (ectoderme, mesoderme e endoderme); A ectoderme é o que forma a pele e o sistema nervoso central. De modo similar à célula, a nossa pele é o que permite ou não permite que sinais externo entrem em nós. A membrana da célula, que é uma espécie de pele, é a parte celular que tem a função mais parecida com a do nosso cérebro: É o que decide se os sinais (estímulos do ambiente...) entram ou não. Receptores existem na pele, como na membrana das células. Na membrana das células, o receptor percebe (recebe o sinal primário de vibração do) meio ambiente, passando-a para proteína processadora, que por sua vez, repassa ao efetor que envia sinal físico (secundário) para a via protéica no interior da célula. Funciona de modo similar ao corpo que constituem: Orgão exteriores como olhos, pele etc, recebem o estímulo (os sentidos recebem os sinais do ambiente) e o cérebro decide o que fazer (sensação); A proteína tem estados anteriores e posteriores aos sinais recebidos; ... A Transdução de sinal estuda este processo que envolve a cadeia de proteínas. Assim, a percepção controla a biologia; controla o comportamento; O gene não toma decisões, é só como um desenho técnico; é uma questão de ler o projeto, ou seja, ler o gene; 
 Cromossomos (hereditariedade) são feitos meio a meio de DNA e proteína; A capa protéica que cobre o DNA pode ser movida por sinais (Epigenética - controle do que está acima dos genes), portanto os genes em si não controlam nada. O indivíduo, através do processo da percepção, controla os genes, não o contrário. Isto parece ter uma relação com a diabetes de origem psicológica por exemplo. 
 As células do corpo são baterias de 1.4 volts o que parece pouca coisa, porém o corpo humano tem cerca de 50 trilhões de células, que multiplicado por 1,4 volts geram cerca de 70 trilhões de volts (de acordo com Liptom, toda essa energia seria o que antigas culturas orientais chamavam de ch'i) ; 
 A antiga imposição das mãos (em inglês, lay on hands), também relacionada ao magnetismo animal de Franz Mesmer durante o século 18, e o passe espírita do século 19 em diante, é colocar ou trocar energia com o "doente/ferido"; 
 Para Liptom deve-se considerar as seguintes ciências: matemática fractal/ física quântica/ eletroquímica / biologia (certamente epigenética)/ psicologia (talvez ainda a se desenvolver); 
 Natureza e criação dos seres humanos são importantes, mas são só a ponta do iceberg, enquanto a epigenética é a base. (citação baseada em Randy L. Jirtle) 
 Percepção (crença) / visão da vida - controla comportamento e controla genes (quais são lidos etc) e pode reescrever código genético. Percepções são aprendidas, podendo estar certas ou erradas, Já que a percepção controla a biologia/ a vida, assim pode-se dizer que a crença (também) a controla. Por isso é difícil mudar crenças. 
 A comunidade de células serve o organismo como um todo, por isso devem ouvir um comando central. Este comando central é a mente que recebe sinais dos ambientes internos e externos. 
 Placebo é a cura por crença/ pensamento positivo. 33% dos tratamentos médicos curam por efeito placebo. O que não se propaga é o fato do "pensamento negativo" ser o nocebo que pode ser nocivo. 
 O prozac é droga placebo por isso funciona para muita gente. Esta crença pode ser fraca ou forte e faz parte do campo (eletromagnético, do cérebro, das células...) 
 Células podem estar em crescimento ou em proteção, movimentando-se aos sinais positivos ou afastando-se de negativos. A mente faz o mesmo movimento enviando sinais para as células. O hipotálamo faz essa transmissão (envia sinais para glândula pituitária). Este é o eixo hipotálamo/ hipófase - pituitário/ endócrino/ adrenal; A percepção então envia o sinal para glândulas supra renais (processo hormonal, como o do stress por exemplo, onde o sangue das vísceras vai para os membros); Este processo de surgimento/ propagação de (hormônio do) stress afeta negativamente o crescimento e a regeneração das células (stress pode desligar o sistema imunológico); 
 Germes, vírus e bactérias são organismos oportunistas que atacam mais o sistema imunológico desligado; 
 O amor é o maior sinal de crescimento. Pessoas se aproximam do atraente/ do amor/ crescimento (se expandem) e se afastam do repulsivo, do medo, protegem-se (retraem-se, escondem-se). 
 Identificado nos anos 90, o surgimento de um grande número de casos (surto) de autismo nos orfãos da Romênia, ocorreu por falta de afeto: A grosso modo, aconteceu devido a substituição de manifestações de amor por desprezo, precariedade, opressão e violência; A felicidade que é uma expressão do amor é altamente dependente da percepção (como cada pessoa lida). 
 Após dar uma descrição da mente (neurológica, mas com certas semelhanças à psicanálise e à TCC)**, Liptom diz que mindfulness (observar tudo, a si e ao redor) é melhor que "pensamento positivo" contra comportamentos costumeiros/ rotineiros do subconsciente (exemplo da auto-sabotagem, insitência em pensar ou falar "não mereço" etc) e também diz que a hipnoterapia deve funcionar para o indivíduo voltar ao estado de aprendizagem (infantil). 
 A magneto-encefalografia / o campo eletromagnético indicam que as pessoas não são (o conjunto de) partículas como o modelo científico tradicional afirmava - são ondas que se interlaçam, ondulam em fase uma com a outra e podem causar soma; 
 Receptores das células recebem sinais diferentes (membranas, externas, recebem sinais do campo) esses sinais são "individualidades" Receptores (antenas) marcam identidade da célula/ indivíduo - identidade esta que vem de fora (células convertem experiências do mundo em sensações para a mente, ou seja, para o espírito) - A partir disto, Lipton diz que Existência serve para experimentar o todo (a realidade), comparando o ser humano como as cores separadas da luz branca; Cada ser humano é uma parte de um todo[*]; Assim, seres humanos se destruírem é uma doença auto-imune. 

 Dendritos estão mais ligados às atividades cerebrais do que os neurônios. 

 
 
 Uma definição clássica dos dendritos é: são prolongamentos numerosos, especializados na função de receber os estímulos, sejam do meio ambiente, de células epiteliais sensoriais ou de outros neurônios. 
 A pesquisa mais recente parece estar mostrando que a neurociência, em termos de estimar a capacidade do nosso cérebro, só tem arranhado a superfície. A Universidade da UCLA descobriu uma camada oculta de comunicação neuronal através dos dendritos. Isso significa que a capacidade do cérebro pode ser até 100 vezes maior do que se pensava anteriormente. 
 Esta descoberta pode mudar significativamente os fundamentos da neurociência convencional. Até poucos meses atrás, os fundamentos da neurociência eram apoiados na crença de que os dendritos eram algo como uma fiação passiva que transportava sinais elétricos para o corpo neural, o soma. Mas esta pesquisa mostrou que os dendritos são muito mais do que apenas condutores passivos. Os dendritos geram seus sinais elétricos, em picos cinco vezes maiores e mais freqüentes que os picos que vêm do núcleo de neurônios. 
 O que esta descoberta implica?? 
 Estamos falando de uma mudança muito radical no conhecimento que a neurociência tem sobre o funcionamento do cérebro. Entre outras coisas, É possível que os processos de aprendizagem ocorram no nível dendrito e não na soma dos neurônios. 
 A neurociência convencional argumentou que os sinais elétricos emitidos pelos corpos celulares são a base de nossas habilidades cognitivas.. Agora sabemos que os dendritos não têm uma função passiva e que eles também emitem seus próprios sinais elétricos. 
 Se isso já não é surpreendente por si só, pesquisadores descobriram que os dendritos também são inteligentes. Eles são capazes de adaptar sua tomada elétrica ao longo do tempo. Este tipo de plasticidade só foi observado até agora em corpos neuronais. Isso sugere que os dendritos podem "aprender sozinhos". 
 Como os dendritos são muito mais ativos que o corpo celular, podemos começar a intuir grande parte da informação gerada em um neurônio é feita no nível dendrítico sem informar o corpo celular. Ou seja, os dendritos podem atuar como uma unidade de computação e processar suas informações. Uma independência que há alguns meses nem sequer era suspeita. 
 "É como se de repente descobrisse que os cabos que levam à CPU do seu computador também podem processar informações, completamente extravagantes e um tanto controversas". 
 -Dr. Mayank R. Mehta, diretor da pesquisa- 
 A capacidade do cérebro: pesquisa 
 A equipe de pesquisa do Dr. Mayank R. Mehta desenvolveu um sistema que permite a colocação de eletrodos próximos aos dendritos de ratos. Este sistema permite capturar sinais elétricos do animal durante o tempo em que você está acordado e realizar suas atividades diárias, bem como durante o sono. De esta maneira eles foram capazes de ouvir por quatro dias seguidos a atividade elétrica dos dendritos e transmiti-los ao vivo para os computadores.. 
 Os eletrodos foram implantados na área do cérebro ligada ao planejamento de movimentos, o córtex parietal posterior. O que eles conseguiram capturar foi que durante os períodos de sono os sinais elétricos pareciam ondas irregulares, e com cada um deles era apontado um pico. 
 Quer dizer, enquanto os ratos dormiam, os dendritos conversavam entre si, e eles fizeram isso em tiros elétricos até cinco vezes mais rápido do que aqueles originados em corpos celulares. Durante os períodos de vigília, a taxa de disparo foi multiplicada por dez. 
 Os dendritos: medidores do aqui e agora 
 Outra descoberta chocante durante esta investigação foi encontrada no tipo de sinal emitido pelos dendritos. Os sinais elétricos dos dendritos podiam ser digitais, mas também mostravam grandes flutuações, quase duas vezes maiores do que as próprias espinhas. Este tipo de flutuação ampla mostra que o dendrito também mostrou atividade de computação analógica. Algo que nunca havia sido visto em nenhum padrão de atividade neuronal. 
 O que calcula este tipo de emissão de dendrito parece estar relacionado ao tempo e espaço. Observando os ratos se comportando em um labirinto, dois tipos de sinais foram distinguidos. Um na forma de picos do corpo celular em antecipação de um comportamento. Neste caso, foi antes de virar uma esquina. Enquanto os dendritos emitiram seus sinais de cálculo, assim como o animal virou a esquina. 
 Parece que a neurociência tem subestimado o poder computacional do cérebro. Apenas da perspectiva do volume, e porque os dendritos são 100 vezes maiores que o soma, podemos supor que o cérebro tem, na verdade, cem vezes mais capacidade de processamento do que se pensava. Parece que o neurônio não será mais a unidade computacional básica do cérebro, tendo assumido os dendritos. 
 Neuronas rosa mosqueta são uma nova classe de neurônios da qual não se sabe muito sobre, mas no momento a descoberta levanta questões tão interessantes quanto a evolução humana. " 
Os autores do estudo são Mayank Mehta, Pascal Ravassard, David Ho, Lavanya Archarya, Ashley Kees e Cliff Vuong, todos da UCLA.

 Bruce H. Lipton deixou a área científica por volta dos anos 90, preferindo divulgar seus estudos e ideias de modo independente. É claro, que ele tomou tal decisão devido a predominância da tradicional visão newtoniana/ materialista/ niilista na academia, que mostrou-se reducionista. Seus estudos foram questionados e bastante recusados em prol do determinismo genético nos meios científicos. Apesar da oposição e de algumas opiniões mais polêmicas do biólogo, a descoberta de Lipton na epigenética mostrou-se cientificamente válida, principalmente após as descobertas atuais da neurociências nesta virada da 1ª para a 2ª década do nosso século (21). 
 Os dendritos que eram consideradas a parte mais periférica dos neurônios, mostraram ser "peça" central na atividade do sistema nervoso. Sua definição anterior era que serviam apenas de receptores dos sinais, enquanto os neurônios realizariam uma parte mais relevante da atividade cerebral... Possivelmente esta descoberta sobre o processamento realizado pelos dendritos está relacionada aos campos mencionados por Liptom. Isto faz sentido considerando que a mente (humana ou qualquer outra) é algo, e, sendo algo diretamente imperceptível para "observadores" externos, ela deve ser algo muito sutil como Kardec sugeriu durante o século 19. 
 Ainda faltam muitas peças deste quebra-cabeça, mas os caminhos começam a aparecer... Talvez não iremos desvendar as profundezas da alma, mas é possível que descubramos o que é o perispírito, ou que este seja renomeado como um campo relacionado a mente (alma) e ao cérebro...

Referências:
https://newsroom.ucla.edu/releases/ucla-research-upend-long-held-belief-about-how-neurons-communicate acessado em 31/12/22, tradução 

Revista Espírita - Jornal de Estudos Psicológicos - maio de 1858, IPEAK