sábado, 1 de agosto de 2020

2º Bê a Bá da Realidade: Quem é Maioria?

No primeiro texto “Be a Bá” foi brevemente explicado o que é política e para que serve. A política está ligada ao fato que, para sobreviver, o ser humano frequentemente precisa de cooperação de mais seres humanos.
O ser humano vive em comunidades, ou seja, em sociedade, desde a Idade da Pedra pelo menos uns duzentos e vinte mil anos antes de Cristo (220.000 a.C). Possivelmente porque os seres humanos tiveram que se juntar em grupos para superar desafios como encontrar comida, escapar de predadores, sobreviver às mudanças climáticas, construir utensílios e abrigos etc. Com o passar do tempo e o superar de dificuldades, os seres humanos precisaram criar regras de convivência que deram origem às leis e também precisaram escolher líderes que ajudavam na mediação entre as pessoas e na tomada de decisões diante impasses nas comunidades.
Comunidades ou sociedades são grupos de pessoas, e cada uma dessas pessoas desenvolve determinada função seja numa escala de importância menor ou maior. Portanto com a maioria ocupada em sua função, em determinados momentos da história humana, existiram líderes bons e líderes maus. Competentes e incompetentes. Quando os líderes de comunidade se mostraram notoriamente egoístas ou incompetentes a confiança das demais pessoas (a maioria) diminuía e era necessário um novo líder. Estas situações de insatisfação da maioria das pessoas de determinadas comunidades devem ter ocorrido diversas vezes na história da humanidade. Provavelmente aconteceram no Egito antigo em muitas das trocas de famílias reais (dinastias) até a Grécia (Atenas) Clássica onde surge os conhecidos sistemas democráticos ou a democracia (governo do povo / poder do povo), por volta de 590 a.C. Outra possível fase de insatisfação popular que removeu o poder centralizado em um governante passando para representantes do povo deve ter acontecido no surgimento da República Romana que substitui o Reino Romano em 509 a.C.
Portanto conclui-se que os sistemas políticos de representação do povo, chame de democracia ou de república, surgem da necessidade de resolver impasses e pela necessidade de mais equidade e justiça para todos.

 A política é para todos.
 Como é impossível agradar a todos, a política é para a maioria, mas a maioria varia de acordo com cada nação. A maioria das pessoas no Brasil (e em muitos outros países) são os pobres, pois a renda mensal média era de um salário mínimo (cerca de 980,00 R$) até 2016*. Um pouco mais alta em SP, chegando à quase 2000,00 R$ mensais de média. (* quase 1500,00 R$ em 2019, de acordo com matéria da Folha de São Paulo) Tais salários mal pagam as contas de uma casa ou de uma família, além disto, pessoas com a renda média em geral trabalham no mínimo 44 horas por semana. Mais o tempo que perde-se com transporte ou que investe-se em estudos…
No Brasil, proporcionalmente, quem mais paga tributos são as classes pobres e médias, pois cobra-se mais imposto sobre produtos e serviços do que sobre renda ou patrimônio. Multi milionários (sócios ou donos de corporações, grandes empresas etc…) são os que se beneficiam disto e são quem fazem lobbies na política para ganhar cada vez mais pagando cada vez menos.
Para quem não sabe, lobby é uma interferência dos mais ricos (multimilionários) na política, onde estes pressionam um ou mais políticos para obterem benefícios como desvirtuar (ignorar) leis para sonegar imposto, cometer crime ambiental, formar cartel de empresas etc. Uma interferência que ignora eleições, pois não é preciso voto para se fazer lobby, só um pouco de tempo livre sobrando e muito dinheiro. Dezenas de milhões de reais ou mais para ser mais específico.
Estes empresários, ou os lobistas que os representam, geralmente alegam precisar de mais “liberdade” para continuar suas atividades comerciais, mas é óbvio que se refere a uma liberdade que não respeita a liberdade dos outros: Não respeita resultado de eleições, nem regras que possibilitam o micro empresário a competir no mercado, nem leis para proteger o meio ambiente e reservas indígenas… Por isso, muitos dos multimilionários defendem o “liberalismo”, mas na verdade estão defendendo o capitalismo, pois não respeitam a liberdade alheia. Capitalismo aqui não se refere a um sistema natural, muito menos a um sistema econômico ponderado. Neste caso a palavra capitalismo tem o seu significado verdadeiro, ou seja, etimológico: Capital-ismo = Dinheiro-Cêntrico. Refere-se a um sistema onde quem tem mais dinheiro, (afinal dinheiro não é uma entidade inteligente nem viva) manda e faz o que quer. Capitalismo aqui não pode ser desvinculado de Plutocracia (poder dos ricos / governo dos ricos), pois são praticamente a mesma coisa.

Quando usa-se o termo “mídia corporativa” para definir grandes empresas de comunicação como a Globo, o Estadão, a Veja, a Record, a Band (etc) é porque na maioria das vezes esses grupos estão interessados em beneficiar seus anunciantes e investidores de grandes empresas / corporações. Portanto o viés destas “fontes” é quase sempre capitalista, ou seja pró liberalismo econômico só para as maiores empresas, as mesmas que nunca estão satisfeitas com políticas sociais ou de infraestrutura e sempre fazem lobby. Estar a favor dos mais ricos, é estar a favor dos poucos indivíduos que têm muitos milhões ou bilhões, seja de reais, de dólares ou de euros… Portanto é estar sempre contra a maioria. Defender os multimilionários e o capitalismo é estar contra as verbas para saúde pública, para o transporte público, para o ensino público… Enfim é estar contra toda a infraestrutura, ou seja , a estrutura básica de uma nação. Não é republicano, nem democrático, pois é defender a doença, a morte, a ignorância, a falta de segurança e a impotência da maioria.