domingo, 2 de setembro de 2018

A Crise de 1929


Esta é uma minúscula reflexão sobre o documentário "A grande crise de 1929" que foi proposta nas aulas da disciplina de Auditoria de Sistemas, do curso de Análise e Desenvolvimento de Sistemas da Fatec São Paulo. As reflexões devem ser feitas sob a óptica de ética no trabalho, e realmente, é um assunto fácil de abordar, com os "vilões" apresentados e as consequências nefastas de suas ações causando miséria por todo o globo.

Entretanto há algo muito mais grave que é denunciado no documentário e obviamente direcionado para uma realidade que ocorria em um período muito mais próximo, referente ao estouro da bolha imobiliária e a crise de 2008, que é a própria crise cíclica do sistema capitalista.

Para completar a importância de se discutir tal assunto, o vídeo que surgiu automaticamente para mim logo depois do término deste, era o de um youtuber (começo a enxergar youtubers como entidades "involucionárias" da espécie humana) afirmando que a crise de 29 foi causada, na verdade, pela intervenção do Estado, e que o que se afirma no documentário é um mito. Obviamente parei a execução do vídeo antes que fosse obrigado a sanitizar meus ouvidos.

O risco de colocar a discussão da ética acima da própria crítica ao sistema financeiro capitalista, e que é prática comum aqui no Brasil se pensarmos no paralelo do discurso anticorrupção que é colocado nos meio de comunicação acima de todas as outras críticas, é que passa-se a esquecer a reflexão sobre a ética do próprio sistema de produção que nossas sociedades adotam.

Tal prática corrobora inclusive para a disseminação desenfreada de discursos neoliberais como este feito pelo tal do youtuber, discurso este que pode ter sua própria ética questionada. Se levarmos em conta somente o documentário em questão, quem são os defensores mais ferrenhos da 'mão invisível' no vídeo? Mitchell, Morgan, etc. Todos de ética questionável.

O que é a ética, se não um valor essencial para o convívio em sociedade? Trata-se de respeito mútuo e do entendimento que não posso matar o próximo e colocá-lo na panela para o jantar. Princípios básicos que servem para diferenciar homens de animais, mas que o pensamento neoliberal parece ignorar, fadando-nos a repetir os erros do passado através de dissimulação.

A economia capitalista tem crises cíclicas, o que ficou conhecido entre alguns acadêmicos como 'Ciclos de Kondratiev', termo oriundo dos estudos do economista Nikolai Kondratiev.

Um discurso que prima pela não-intervenção na economia chega a ser antiético, pois isso só pode resultar em crises cíclicas muito mais agudas.

A mesma mentira que foi contada ao engraxate em 29, é contada hoje exaustivamente, um discurso para manter o status quo, enquanto a ética é defendida de maneira hipócrita.

sábado, 7 de abril de 2018

O espetáculo da morte pública


Vocês já assistiram aqueles filmes de bangue-bangue em que o povo se reunia ao redor das forcas e vibravam com as execuções públicas de criminosos? Eu já ... é o que ocorre hoje no Brasil. Eu tento me imaginar participando de uma celebração social dessa estirpe. Claro que o alvo para mim seria o Aécio, talvez  Alckmin ou Dória, políticos que eu vejo como seres humanos que não se importam com os outros, ou eles tomam as medidas que tomam por ingenuidade (difícil de acreditar) ou 'legislam' em causa própria ou dos aliados, verdadeiros mercenários que honram seus honorários apenas para aqueles que colocam dinheiro em suas campanhas e não para aqueles que votam neles. Faz sentido, pois as pessoas votam conforme a opinião formada e em uma sociedade capitalista a opinião é formada conforme o dispêndio (investimento talvez fosse o mais correto) de dinheiro.

Eu tento me imaginar em uma celebração dessas ... em um prostíbulo ... quem sabe o 'empresário' disponibilizasse parte de seu 'capital humano' durante a celebração para nós celebrantes usufruirmos. Não sou tão diferente desses antipetistas assim ... mas há um sentimento virtual de vazio, estou celebrando o quê? Em uma situação hipotética de uma 'ditadura bolivariana', o estado de direito conspurcado por magistrados comunistas de toga ignorando a própria constituição para aprisionar Aécio, rei da farinha, tal situação causaria assim tamanho orgasmo emocional?

A resposta é não. Veja bem, eu não sou um defensor ferrenho da democracia ou das instituições, mas sou um defensor do acordo que uma sociedade promulga. Se em nossa constituição, o julgamento de nossos inimigos políticos são diferenciados, e isso foi previsto e acordado, ok. Um novo acordo social pode rediscutir se isso é justo ou não. Mas se nosso herói de toga comunista decide executar o Aécio, sem isso ser previsto pela nossa constituição bolivariana, qual é o limite?

Quem é o próximo? O cara de centro? Depois o cara de esquerda? Depois o maluco que xavecou a filha do herói de toga? Depois a empregada que denunciou que o herói de toga a encoxou na cozinha? Estou comemorando por quê? Porque agora o Aécio não pode mais ganhar a eleição e destruir o país? Mas se o herói de toga foi arbitrário, quem garante que quem ganhar a eleição não vai ser enforcado pelos heróis de toga? Ou pior, pelos heróis de farda que pressionam os heróis de toga? Santos do pau-oco, como diria minha mãe.

Eu acho que o Lula é um mercenário também, em escala menor do que aqueles que citei anteriormente, e respeito quem acredita nele, ou acredita que ele decidiu fazer o possível, ou que acredita mesmo que Dória é gestor e não político, que Alckmin visa o bem maior com medidas neoliberais. Mas eu não respeito você que é hipócrita. Não respeito quem não reconhece as próprias limitações éticas, que profere suas maldições aos políticos corruptos mas finge não reconhecer seu ranço interno contra o personagem X.

Vocês lembram de algum evento quando Maluf foi para a cadeia? Alguém soltou fogos? Bateu panela? Por que odiar uns e outros não? Nós podemos refletir como nosso ódio foi construído no decorrer da nossa vida. Acho que muito disso foi absorvido no nosso dia a dia sem ao menos perceber. Seu pai falando do Luladrão, o Jornal Nacional dedicando X minutos diários de exposição de casos de corrupção do partido Y. O quanto você odeia aquele personagem por você mesmo? Por reflexão interna? Por analisar as medidas tomadas por aquele governo, sem levar em consideração a maioria das opiniões ao seu redor?

No fim, os players reais desse jogo de tabuleiro estão muito longe de nossa realidade, e sua opinião de merda, assim como a minha, não tem relevância alguma, pois só representamos alguma ameaça a esses major players se estivermos unidos em um objetivo que batesse de frente com o deles, algo impossível de acontecer se você não enxerga além do próprio umbigo e do quanto você merece que seus méritos e esforços sejam protegidos, afinal você não é um vagabundo, é um cara esforçado e inteligente, está obviamente acima de quem é preguiçoso e mal-intencionado ... no fundo, você é um nada para os major players, assim como eu, então aproveite a comemoração.

P.S.: A linguagem formal é desnecessária quando não se tem a pretensão de demonstrar respeito.
P.P.S.: Não acho que Lula seja um gigante, mas acho que Moro é um anão moral.

Nota 1 dia atrasada: É claro que eu estou me referindo a isso aqui: